Polícia faz operação em 2 locais suspeitos de vender bebidas que causaram intoxicação por metanol em SP; bar nos Jardins é interditado
Viatura da Polícia Civil de São Paulo. Ciete Silvério/GESP A Polícia Civil de São Paulo realiza na tarde desta terça-feira (30) uma operação contra a ve...

Viatura da Polícia Civil de São Paulo. Ciete Silvério/GESP A Polícia Civil de São Paulo realiza na tarde desta terça-feira (30) uma operação contra a venda de bebidas falsificadas em dois endereços na capital paulista, onde houve casos suspeitos ou confirmados de ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas por metanol. Os estabelecimentos ficam na Avenida Piassanguaba, no Planalto Paulista, em uma distribuidora de bebidas e uma lanchonete na Alameda Lorena, onde uma mulher de 43 anos consumiu uma bebida que a deixou cega (leia mais abaixo). O restaurante será interditado, segundo a polícia. ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp Segundo o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), todos os estabelecimentos onde há suspeitas de intoxicação por metanol serão fechados cautelarmente para investigação do gabinete de crise criado para investigar 22 casos suspeitos de intoxicação em São Paulo. Até o momento, o estado tem uma morte confirmada por contaminação por bebida "batizada" com metanol, segundo o governador. A causa de quatro outros óbitos ainda está em investigação pelas autoridades sanitárias. ➡️Os números diferem do que havia sido divulgado anteriormente pela Secretaria da Saúde, de que seriam três mortes confirmadas por consumo de bebidas com metanol. O g1 procurou a pasta para esclarecer qual é o número oficial de mortes confirmadas e quantas estão sendo investigadas, mas não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem. SP confirma 3ª morte por intoxicação por metanol em bebidas adulteradas “A partir do momento que a gente sabe que aquela bebida foi consumida naquele estabelecimento, esse local vai passar pela interdição cautelar. Não pode continuar comercializando bebidas se a gente tem uma suspeita que a bebida é fraudada”, disse Tarcísio nesta terça (30). Segundo ele, a interdição cautelar é uma forma de o governo do estado checar a documentação do estabelecimento com dados federais e mapear a origem da bebida. “Se [o estabelecimento] comprou e não tem uma origem comprovada, ou se tem como comprovar, a gente também vai conseguir chegar no distribuidor e, a partir dali, fazer a investigação. Se houve boa-fé, a gente consegue fazer só a interdição da bebida, só a interdição do lote, e aí o estabelecimento volta a operar com segurança”, declarou. Ainda de acordo com Tarcísio, até o momento a Secretaria da Saúde contabiliza outros 22 casos. Desses, 17 são suspeitos e estão sob investigação e cinco já estão confirmados. Uma das vítimas é de São Bernardo do Campo, mas consumiu bebida alcoólica na capital paulista. Cliente que ficou cega Radharani Domingos Reprodução/TV Globo Conforme o g1 publicou nesta segunda (30), a designer de interiores Radharani Domingos, de 43 anos, que está cega por suspeita de intoxicação com metanol após o consumo de vodca em um bar de São Paulo. Ela teve alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nesta segunda-feira (29) e foi encaminhada para o quarto. Segundo a irmã dela, Lalita Domingos, ainda não há previsão de alta. "O oftalmologista entrou com tratamentos para reverter o quadro da visão, mas ela [visão] permanece comprometida. Estamos na expectativa de que algo mude." Localizado na Alameda Lorena, o bar onde Radharani consumiu três caipirinhas teve cerca de 100 garrafas de bebidas destiladas apreendidas em uma operação feita pela Polícia Civil, pelo Centro de Vigilância Sanitária do Estado e pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde da Prefeitura. Um auto de infração foi lavrado contra o comércio, segundo a Secretaria da Saúde do Estado. Ainda internada no hospital, Radharani concordou em conversar com o Fantástico e disse que os primeiros sintomas começaram após consumir bebida alcoólica durante uma comemoração de aniversário em São Paulo. Na UTI, ela chegou a ter convulsões e precisou ser intubada. "Era uma região nobre, não era nenhum boteco de esquina. Bebi três caipirinhas de frutas vermelhas com maracujá e vodca. Causou um estrago bem grande. Não estou enxergando nada." LEIA MAIS: Intoxicação por metanol: veja o que se sabe e o que falta saber Três mortes na Grande SP Crescem os casos graves de intoxicação por bebidas contaminadas com metanol em São Paulo O governo de São Paulo confirmou nesta segunda-feira (29) a terceira morte por consumo de bebidas alcoólicas "batizadas" com metanol na Grande São Paulo. Segundo o comunicado, desde junho deste ano, foram confirmados seis casos de intoxicação por metanol com suspeita de intoxicação por consumo de bebida adulterada. Atualmente, dez casos estão sob investigação, dos quais três resultaram em óbito - um homem de 58 anos em São Bernardo do Campo, um homem de 54 anos na capital e o terceiro de 45 anos em investigação do local de residência. Um quarto óbito por metanol é investigado; ainda não se sabe como ocorreu a intoxicação. Um quinto caso foi descartado. Mais de 100 garrafas apreendidas Polícia vai a comércios com suspeita de intoxicação com metanol em SP, entre eles bar onde mulher tomou vodca e teve cegueira Após a confirmação de mortes e casos suspeitos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas, policiais, integrantes do Centro de Vigilância Sanitária do estado e da Coordenadoria de Vigilância em Saúde da prefeitura realizaram uma ação de fiscalização em três bares da capital paulista localizados nos Jardins, Zona Oeste, e na Mooca, Zona Leste, na tarde desta segunda-feira (29). Segundo o governo de SP, nos três estabelecimentos fiscalizados foram apreendidas 117 garrafas de bebidas sem rótulos e sem comprovação de procedência, que serão encaminhadas à perícia no Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Técnico-Científica. Dois estabelecimentos foram autuados por irregularidades sanitárias. A recomendação do Centro de Vigilância Sanitária do estado de SP é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos, e que a população adquira apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal, evitando opções de origem duvidosa e prevenindo casos de intoxicação que podem colocar a vida em risco. O que é metanol? Bebidas adulteradas com metanol matam 3 pessoas em São Paulo O metanol (CH₃OH) é uma substância altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. O produto é um tipo de álcool simples, incolor e inflamável, com cheiro semelhante ao da bebida alcoólica comum. Ele já foi chamado de “álcool da madeira”, porque antigamente era obtido pela destilação de toras. Hoje, sua produção industrial é feita principalmente a partir do gás natural. Leia também Contaminação por metanol: como bebida adulterada causou cegueira em vítimas Intoxicação por metanol: polícia investiga adega onde jovens compraram gin na Zona Leste Porém, embora seja usado em pequenas quantidades na natureza, podendo ser encontrado em frutas, vegetais e até produzido pelo corpo humano em baixíssimas doses, o metanol é altamente tóxico em concentrações elevadas. Sintomas e atendimento A recomendação do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos. Os sintomas podem incluir ataxia, sedação, desinibição, dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia, taquicardia, convulsões e visão turva, principalmente após ingestão de bebidas de procedência desconhecida. Em caso de suspeita, é fundamental buscar atendimento médico de emergência. A população pode localizar o serviço mais próximo pela plataforma. Impactos do metanol Arte/g1